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Alucinação
 
Vi um rosto de uma mulher desenhado no muro, no centro da cidade. Parei por um instante e descobri nele os traços de minha primeira namorada. Feliz, acariciei o desenho e um fenômeno aconteceu. Num piscar de olhos, o rosto começou a sorrir e foi se materializando, em pouco tempo, tinha diante de mim uma mulher que me abraçava ansiosa, pedindo que a levasse dali.
Fiquei perturbado, sem entender o que se passava. Procurei coordenar os pensamentos, para ver se achava uma explicação lógica para tudo aquilo. Será que estou tendo alucinações?-pensei, ou será que estou diante de um fenômeno sobrenatural?
Enquanto procurava encarar as coisas com naturalidade, a mulher, num ímpeto de decisão, arrastou-me pelo braço até a beira da rua e acenando com a mão, fez parar o primeiro táxi que passava. Empurrou-me para dentro do veículo, deu ordens ao motorista que nos conduzisse até a praia da Cachoeira.
Ainda muito abalado pelo pavor, em vão pedi explicações, mas a mulher parecia não entender minha linguagem. Tentei falar com o chofer, mas este não me deu atenção, parecia estar surdo aos meus apelos.
A mulher sempre a sorrir, segurava firmes os meus punhos e fazia sinal para que o motorista aumentasse a velocidade do automóvel. Houve um momento em  que cheguei a pensar que o carro estivesse flutuando. O medo aumentava cada vez mais, quando comecei a perceber que ia perder os sentidos. Os meus olhos não conseguiam mais erguer as pálpebras e enxergar as coisas nítidas. As pernas ficavam por demais pesadas, perdendo as forças. Por ultimo, meus ouvidos deram um apito, tal uma locomotiva quando chega à estação. Daí em diante não sei explicar o que sucedeu. Só consigo recordar quando despertei num lugar estranho. Estava contido em um leito. Ergui a cabeça, vi aproximar-se de mim uma mulher vestida de roupa branca perguntando como era meu nome. Identifiquei-me e só então fiquei sabendo que estava no hospital.
Intrigado, perguntei por qual motivo estava ali. A moça respondeu-me que também desconhecia a minha história, porque há dois meses, eu havia dado entrada naquela instituição, conduzido por populares que diziam haver me encontrado desmaiado na praia da Cachoeira.
                  
 
 
 
 
 
 
Amábilis Rodrigues
Enviado por Amábilis Rodrigues em 13/08/2013
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